domingo, 30 de setembro de 2007

"Tropa de Elite" e cinema brasileiro no Oscar.

Acabei entrando na onda pirata, rendendo-me a maior das propagandas, o boca-a-boca, e assisti "Tropa de Elite", o filme brasileiro mais comentado dos últimos anos, antes mesmo de ser lançado.
Não sou nenhuma especialista ou crítica em cinema, e não tenho nenhuma pretensão de ser, portanto só posso avaliar o filme de acordo com as minhas impressões, sem analisar nenhum aspecto técnico... portanto vamos lá!

Pra início de conversa, ouvi comentários maravilhosos sobre esse filme, mas será que eu fui a única que não achou tudo isso? é inegável que "Tropa de Elite" é um bom filme de ação... e só! Apesar de trazer no seu enredo uma crítica severa ao funcionamento da corporação da polícia militar, em especial do Estado do Rio de Janeiro, faz também uma apologia, um endeusamento do B.O.P.E ["Faca na caveira e nada na carteira"], como se este último fosse o baluarte da honestidade e de oportunidade para que o tráfico de drogas seja suprimido.
A sensação que tive é que o filme foi feito por algum manda- chuva do B.O.P.E, porque mais do que falar sobre a realidade nos morros, o filme se prende demasiadamente em exaltar o funcionamento e eficiência do Batalhão de Operações Policiais Especiais.

Uma temática que me pareceu bastante interessante foi a participação direta e/ou indireta da classe média no processo do tráfico. Muitos acreditam que não é nada demais acender um "simples" baseado... mas é importante pensar por qual caminho ele teve que passar para chegar até as mãos dessas pessoas. O que pra uns é apenas um baseado, é também um alimento para o tráfico e para a violência [ vale a pena ressaltar que não é apenas isso; a sistemática do crime organizado é muito mais complexa].

em síntese, se você quer ver crítica social e um filme de ação que não fica nada a dever aos hollywoodianos, é uma boa pedida [apesar de ter achado-o excessivamente longo... 1:30h de fita funcionaria ainda melhor].

.................................................................................................

Já que falei em "Tropa de Elite" e em Hollywood, nada mais justo do que falar do nosso indicado ao Oscar, que venceu inclusive o filme supracitado na corrida pela indicação. "Tropa de Elite" foi "lançado" para concorrer a vaga, e há quem diga que as cópias que misteriosamente surgiram no mercado, e com tamanha qualidade, foi nada mais que uma jogada de marketing dos próprios produtores para criar um maior alvoroço, de olho no Oscar 2008 [versão essa que eu piamente acredito]. Apesar de tamanha divulgação, a vaga ficou com o filme " O ano que meus pais saíram de férias", que tem como pano de fundo a ditadura militar.

Ainda não vi o filme, porém posso dizer com convicção que ele não ganhará o "douradinho", apesar de achá-lo o melhor brasileiro para disputa - mesmo lendo apenas a sinopse- e vou dizer por quê!
Enquanto não produzirmos um filme que trate de coisas mundialmente entendidas, como sentimentos e natureza humana, não levaremos a tão cobiçada premiação; Enquanto retratarmos apenas a nossa dura realidade, muitas vezes incompreendidas até por nós mesmos, e enquanto não fizermos aqueles "filmes-acuçar", podem esquecer que o Oscar não vai parar numa estante brasileira.
Posso usar como exemplo "Central do Brasil" x "A vida é bela"! é disto que estou falando: enquanto o primeiro falava da realidade do interior de um país "em desenvolvimento", com analfabetos, o outro falava da magia e da realidade forjada de pai para um filho, apesar de está em meio a segunda guerra mundial. Será que precisamos mesmo assistir ambos os filmes pra definir qual venceria? acredito de verdade que não.
mas nem tudo são espinhos... pelo menos pra mim, e acho que pra muita gente também, o Oscar não é a premiação máxima que um filme pode receber ;)